tag:blogger.com,1999:blog-49167953731264371502024-03-04T20:12:21.015-08:00Hamlet: um relato dramático medievalRelatos em textos e imagens do processo da montagem teatral de "Hamlet", pelo Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, de Natal/RN. Uma criação que parte da dramaturgia shakespeariana, com direção de Marcio Aurelio. Unknownnoreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-4916795373126437150.post-72616573019942176462013-01-28T11:13:00.002-08:002013-01-28T11:13:49.973-08:00“Não conseguimos conceber teatro que não tenha relação direta com o pensamento”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Clowns de Shakespeare estreia Hamlet. Foto de ensaio feita por Pablo Pinheiro" class="size-full wp-image-8555" height="236" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/hamlet-ensaio-foto-pablo-pinheiro.blog_.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Clowns de Shakespeare estreia Hamlet. Foto de ensaio feita por Pablo Pinheiro</span></td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Em 19 de janeiro de 2012, por Pollyanna Diniz. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O grupo potiguar Clowns de Shakespeare estreia hoje, dentro do Janeiro de Grandes Espetáculos, o espetáculo <em> Hamlet</em>,
com direção de um dos encenadores mais importantes do país, Marcio
Aurélio. A companhia começa a comemorar aqui no festival os 20 anos de
atuação. Além de <em>Hamlet</em> (que será encenada hoje e amanhã, às 21h, no Santa Isabel), apresentam <em>O capitão e a sereia</em> (peça inédita no Recife), nos dias 22 e 23, às 19h, no Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro); e <em>Sua Incelença, Ricardo III</em>,
em única sessão, no dia 26, às 18h, no Pátio do Mosteiro de São Bento,
em Olinda. O Clowns também lança o projeto Cartografia do Teatro de
Grupo do Nordeste com uma mesa redonda na segunda-feira (21), às 17h, no
Centro Cultural Correios, e faz uma oficina de 22 a 25, das 9h às
12h30, também nos Correios, intitulada Clowns de Shakespeare – Prática e
pensamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Conversei com Fernando Yamamoto, que geralmente dirige as montagens
do grupo, sobre o processo de criação da companhia, a aproximação com
Marcio Aurelio, o trabalho de grupo, a importância de <em>Sua Incelença, Ricardo III</em>.
Foi uma das entrevistas que fiz, em dezembro, para a construção da
matéria sobre os 20 anos do grupo, que saiu na edição de Janeiro da
Revista Continente. </span></div>
<br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>ENTREVISTA // FERNANDO YAMAMOTO</strong></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong> </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong> </strong> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Vocês estão num movimento de reaproximação com Shakespeare? Logo depois de <em>Ricardo III</em>, porque a decisão de montar <em>Hamlet</em>? Como está sendo esse processo de criação, já que <em>Sua Incelença</em>
parece ter “absorvido” tanto vocês? Como esquecer um pouco aquelas
referências pra trabalhar com outra obra de Shakespeare? Ou quais
referências continuam as mesmas?</strong></span><br /><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></span><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
Desde <em>Muito Barulho por Quase Nada</em>, em 2003, não montávamos um Shakespeare. Partimos para um Brecht – <em>O Casamento do Pequeno Burguês</em> (2006) e três espetáculos com dramaturgia própria: <em>Roda Chico</em> (2005), <em>Fábulas</em> (2006) e <em>O Capitão e a Sereia</em>
(2009). No entanto, desde 2007 já sentíamos uma necessidade de não só
retornar a Shakespeare, como partir para uma obra não cômica. É quando
nos aproximamos do teórico polonês Jan Kott e, principalmente, do
Gabriel Villela e do Marcio Aurelio, durante uma residência que fizemos
no TUSP, em São Paulo. Como costumamos trabalhar o planejamento do grupo
com dois, três anos de antecedência, já iniciamos o flerte com os dois
para montar essas obras. No caso de <em>Hamlet</em>, em especial, é uma
peça que o Marcio é um grande especialista, já montou e pesquisou muito
em cima dela, e surge para nós num momento em que todos estamos
passando, ou perto de passar, pela “crise da meia idade”, que é uma das
questões que o Shakespeare aborda. A troca com o Marcio e sua
assistente, Ligia Pereira, tem sido de grande aprendizado para nós,
principalmente porque eles trabalham com uma linguagem muito diferente
do Gabriel Villela, que é mais próxima ao que o grupo já tinha.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Qual a contribuição de Marcio Aurelio neste espetáculo?</strong><br />
Como citei antes, a aproximação com o Marcio vem desde 2007, na
residência no TUSP, quando tivemos cinco encontros de investigação em
cima justamente de <em>Hamlet</em>. Além de todo o encanto por tanto
conhecimento e generosidade, pudemos assistir a dois trabalhos da
companhia dele, a Razões Inversas, que nos instigaram ainda mais a poder
passar por um processo de montagem com ele, que foram o <em>Anatomia Frozen</em> e <em>Agreste</em>.
Ele está passando quatro meses em Natal, num processo de de verdadeira
troca, já que tem trazido sua bagagem e procedimentos, mas com muita
escuta e observação sobre a forma como nós trabalhamos, nossa linguagem,
para que possamos construir de fato um espetáculo que marque o encontro
entre ele e nós. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Marcio Aurelio, da Cia Razões Inversas, assina direção de Hamlet. Foto: Pablo Pinheiro" class="size-full wp-image-8557" height="279" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/hamlet-ensaio-diretor-marcio-aurelio-foto-pablo-pinheiro.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Marcio Aurelio, da Cia Razões Inversas, assina direção de Hamlet. Foto: Pablo Pinheiro</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Como essa encenação se estabelece? Há, por exemplo, papeis definidos para cada ator ou há uma troca? </strong><br />
Fizemos uma grande intervenção dramatúrgica, numa linguagem
contemporânea que não se preocupa em contar linearmente a fábula, mas
sim buscar o recorte que nos interesse para apresentar a obra no máximo
da sua potência. Assim, dos oito atores que estão em cena, apenas o
César (Ferrario) e o Marco (França) se dividem em dois papéis, os demais
têm apenas um: Camille Carvalho (Rosencrantz), César Ferrario (Polônio e
Laertes), Dudu Galvão (Horácio), Joel Monteiro (Hamlet), Marco França
(Rei Claudius e Fantasma), Paula Queiroz (Guildenstern), Renata Kaiser
(Rainha Gertrudes) e Titina Medeiros (Ofélia).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>O trabalho com diretores convidados é uma constante? De que
forma isso enriquece o trabalho e, ao mesmo tempo, como é possível
manter a linguagem própria ao grupo? No momento do impasse, qual opinião
prevalece? A do diretor ou dos atores?</strong><br />
O <em>Hamlet</em> é o segundo trabalho com diretor convidado. Antes dele, apenas o <em>Ricardo III </em>teve essa característica. O <em>Muito Barulho por Quase Nada</em> e <em>O Casamento do Pequeno Burguês</em>
tiveram o Eduardo Moreira, do Galpão, como diretor convidado, mas nos
dois casos ele dividiu a direção comigo, então não se tratava de uma
direção externa. Os demais espetáculos tiveram a minha direção. Essa
premissa de trabalhar com profissionais convidados, não só na direção,
como também na direção musical, figurino, cenário, etc., é uma busca por
uma oxigenação na nossa prática, para não corrermos o risco de ficarmos
sempre circulando nos próprios vícios. Durante os processos, os
diretores têm total autonomia – inclusive no meu caso. No entanto,
nestas duas experiências (e com o Eduardo Moreira também) sempre tivemos
uma relação muito dialógica. Mas a ideia é sempre aproveitar esses
diretores convidados para conhecer melhor suas formas de trabalho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Sua Incelença, Ricardo III trouxe projeção internacional ao grupo. Foto: Pablo Pinheiro" class="size-full wp-image-8560" height="266" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/sua-incelenca-ricardo-iii-com-os-clowns-de-shakespeare-foto-de-pablo-pinheiro.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Sua Incelença, Ricardo III <i>(2010)</i>. Foto: Pablo Pinheiro</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>O que significou <em>Sua Incelença </em>na trajetória de vocês? É o mesmo movimento que aconteceu, por exemplo, com <em>Muito barulho por quase nada </em>ou não? Quais foram os momentos mais marcantes de <em>Sua Incelença</em>? Desde a montagem até agora, na recepção do público?</strong><br />
Sem dúvida o <em>Ricardo III</em> proporcionou ao grupo um grande
crescimento em diversos aspectos, principalmente de projeção do nome dos
Clowns pelo país, e o início do processo de internacionalização. Acho
que o momento em que o espetáculo surgiu foi muito oportuno, já que já
tínhamos um certo nome e respeito pelo país, mas que foi muito
incrementado pelo encontro com o Gabriel Villela e todo o peso do seu
nome. É difícil fazer uma comparação com o <em>Muito Barulho</em>, já que sem dúvida foram marcos na nossa história, mas que de certa forma o <em>Fábulas</em> também foi, assim como <em>O Capitão e a Sereia</em>.
São muitos momentos marcantes nessas quase 100 apresentações que o
espetáculo já cumpriu. A estreia em Curitiba foi um deles, sem dúvida. A
residência que fizemos no Complexo do Alemão, pouco tempo depois dos
conflitos que lá aconteceram, foi outro. No Festival de São José do Rio
Preto, fizemos a abertura para uma arena com 7.000 pessoas! Alguns dias
depois, apresentamos na área rural da cidade, para cerca de 100 pessoas,
ao lado de um pasto de boi, numa das melhores apresentações do trabalho
até agora. Além disso, as duas viagens internacionais, no Chile e na
Espanha, também foram marcantes. No Chile destacaria a apresentação que
fizemos na frente do La Moneda, palácio do governo, onde Salvador
Allende sofreu o golpe militar e foi assassinado. Para nós, contarmos a
fábula desse vilão sanguinário e cruel nesse cenário tão impregnado pela
história foi muito emocionante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Como é que esse grupo se reuniu lá atrás, há 20 anos? Houve
muitas mudanças na composição do grupo? E uma pergunta clichê, mas que é
bastante difícil. Como manter um grupo artístico, um grupo teatral, por
tanto tempo?</strong><br />
Da formação inicial, ainda restam três fundadores, eu, a Renata Kaiser e
o César Ferrario. A forma como conseguimos construir e manter o grupo é
muito difícil de definir. Sem dúvida um dos mais importantes fatores
para isso foi conseguirmos estabelecer um equilíbrio entre os desejos
pessoais e as demandas do coletivo. Ninguém trabalha nos Clowns com o
objetivo de projeção individual, o grupo sempre está à frente. No
entanto, é fundamental que as inquietações de cada integrante tenha
espaço dentro do grupo. Investimos muito no grupo, dedicamos muito para
construir esse projeto artístico que é o projeto de vida de todos nós.
No entanto, quando analiso friamente de onde saímos e onde estamos, vejo
que é uma história absolutamente improvável, construir um grupo tão
sólido e com uma qualidade artística internacional numa cidade tão árida
culturalmente como Natal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Como se dá o processo de gestão do grupo? O apoio da Petrobras, por exemplo? O que significou esse apoio na trajetória de vocês?</strong><br />
Por mais que o patrocínio da Petrobras, que está próximo de terminar,
não contemple nem metade dos gastos que o grupo tem, ele significou uma
mudança radical na estrutura dos Clowns. A possibilidade de termos um
montante fixo mensalmente, que cubra alguns gastos como aluguel da sede,
salário de um secretário, uma parte do salário dos demais integrantes,
etc, possibilita uma maior tranquilidade para que possamos de fato
investir no aprimoramento artístico, sem precisar abrir concessões. O
processo de gestão do grupo é algo em constante reavaliação e
transformação. Nesse aspecto, temos uma premissa de tentar sempre buscar
o equilíbrio entre o pensamento e a prática, que as questões
administrativas sempre levem em consideração os princípios éticos e
artísticos que o grupo traz na cena.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Fábulas (2006)" class="size-full wp-image-8578" height="266" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/fabulas2.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Fábulas (2006)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Como era o cenário teatral em Natal há quase 20 anos, quando
vocês surgiram? E no Brasil? O teatro de grupo já tinha essa força?</strong><br />
Nós somos meio isolados na nossa geração em Natal. Até existem outros
artistas da nossa geração, mas grupos não. Naquele momento, Natal tinha
dois grupos muito tradicionais, o Estandarte e o Alegria Alegria, e um
grupo que era uma referência para nós, o Tambor, capitaneado por João
Marcelino. Apesar de formado por artistas mais velhos do que nós, o
Tambor era mais ou menos contemporâneo, no entanto não resistiu muito
tempo. Houve um hiato nessa história, e depois de muitos anos começa a
surgir uma outra geração de grupos na cidade, como o Atores à Deriva,
Facetas, Mutretas e Outras Histórias, Bololô, Arkhétypos, dentre outros,
alguns deles inspirados na nossa experiência. Nacionalmente, era um
momento de retomada do teatro de grupo. Começamos a fazer teatro no
período em que os famosos encontros de teatro de grupo de Ribeirão Preto
aconteceram.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Aqui vocês vão lançar também o projeto Cartografia do Teatro
de Grupo do Nordeste. Qual a importância desse levantamento? Dá para
apontar, por exemplo, características comuns ao teatro feito no
Nordeste?</strong><br />
O projeto surge justamente com essa inquietação. Circulamos muito pelo
Nordeste e em cada estado encontramos parceiros que vivem realidades
muito parecidas com as nossas, sejam de conjuntura política, gestão ou
inquietações estéticas. Esse mapeamento revela facetas opostas nesse
sentido: por um lado, existem recorrências claras, como a dependência
aos mecanismos de financiamento federais, ou quase inexistência de
grupos que conseguem garantir a manutenção de todos os seus integrantes;
de outro, ao conhecer mais de perto cada experiência, fica a evidência
que cada experiência é muito diversa da outra, e essa diversidade é
muito saudável justamente para que um grupo possa alimentar-se das
soluções encontradas pelo outro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="Muito barulho por quase nada, espetáculo de 2003" class="size-full wp-image-8569" height="259" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/muitobarulhoporquasenada.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Muito Barulho por Quase Nada (2003)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <strong> </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Queria falar um pouquinho sobre os espetáculos dos Clowns. Para você, Fernando, quais os mais marcantes?</strong><br />
Cada espetáculo teve sua importância e seu momento. Alguns deles foram divisores de água. <em>A Megera DoNada</em>
(1998), marcou a transição da primeira fase do grupo, de total
amadorismo, dentro da escola, para a nossa legitimação na classe teatral
potiguar. O outro salto foi <em>Muito Barulho por Quase Nada</em>, que
apresentou o grupo pro resto do país, fez com que circulássemos pelas
cinco regiões, conhecêssemos muitos outros grupos, pensadores, críticos e
outros profissionais. O <em>Fábulas</em> proporcionou importantes prêmios. <em>O Capitão e a Sereia </em>é
provavelmente o trabalho mais especial para os integrantes do grupo que
participaram, porque conseguimos como nunca experenciar um processo de
pesquisa que dialogou diretamente com o momento e o pensamento do grupo.
Foi também a primeira estreia fora de Natal, no SESI Vila Leopoldina,
em São Paulo. Depois disso, o <em>Ricardo</em> traz a projeção do nome
do grupo e o começo da internacionalização. Agora estamos ansiosos para
ver como o próprio grupo responde à radicalização de linguagem que o <em>Hamlet</em> está trazendo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Quando o grupo conseguiu uma projeção maior? Foi com <em>Muito barulho</em>? O que tinha de especial nessa montagem?</strong><br />
São projeções diferentes. Com o <em>Muito Barulho</em>, aparecemos para o Brasil. No <em>Fábulas</em>, ganhamos os principais prêmios do segmento no país. E com o <em>Ricardo</em>,
tivemos um espaço muito especial nos grandes festivais brasileiros,
abrindo vários deles (Curitiba, Brasília, Rio Preto e Belo Horizonte), e
um espaço na mídia nacional também inédito. Acho que o <em>Muito Barulho</em>
foi um trabalho que, por um lado, mostrou ao país que era possível se
fazer um teatro de qualidade em Natal. Acredito que foi um choque, no
melhor sentido da palavra. Por outro lado, a força do trabalho era a
solaridade do grupo, em especial naquele momento de juventude dos
integrantes. Acho que é um espetáculo um tanto naïf, e por isso também
ele ganha um charme a mais. Temos a intenção de em 2013 remontá-lo, para
que participe das atividades de comemoração dos 20 anos do grupo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="O capitão e a sereia é baseado na obra de um pernambucano e tem o cavalo marinho como inspiração. Foto: Maurício Cuca" class="size-full wp-image-8563" height="258" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/o-capitao-e-a-sereia-com-o-grupo-clowns-de-shakespeare-fotografia-mauricio-cuca.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Capitão e a Sereia (2009)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong><em>O capitão e a sereia</em> teve profissionais de oito estados envolvidos. Como foi isso? Como vai ser reapresentar esse espetáculo aqui?</strong></span>
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><em>O Capitão</em> foi um processo muito especial, sem dúvida o mais
próximo do que consideramos o ideal. Conseguimos formar uma equipe de
grande qualidade, inclusive com a participação fundamental de dois
pernambucanos, o Helder Vasconcelos e o André Neves. Apesar de ser
baseado na obra de um pernambucano e ter o cavalo marinho como
inspiração, o <em>Capitão</em> ainda é inédito em Recife! Estamos muito
ansiosos em poder levá-lo ao Janeiro, porque serão duas estreias na
capital pernambucana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Vocês estiveram muito próximos do Galpão ao menos em duas ocasiões: <em>Muito barulho por quase nada </em>e <em>O casamento do pequeno-burguês</em>. Qual a importância do Galpão no trabalho de vocês? Ou mais especificamente do Eduardo Moreira? </strong><br />
Começamos a fazer teatro sob a influência direta do Galpão. Eles sempre
foram a nossa maior referência, seja no aspecto estético, poético, seja
no organizacional, de gestão. O Eduardo foi o elo de aproximação da
gente com eles, mas depois desses dois trabalhos temos uma relação muito
íntima, seja no compartilhamento dos mesmos parceiros – como no caso do
Ernani Maletta, Babaya, Gabriel Villela, Mona Magalhães, Francesca
della Monica -, seja na troca constante que temos com eles. Para nós é
uma honra imensurável poder hoje ter como parceiros e amigos aqueles que
um dia foram nossos ídolos “inatingíveis”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img alt="O casamento do pequeno burguês, montada em 2006" class="size-full wp-image-8575" height="244" src="http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/01/ocasamentodopequenoburgues.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="400" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O Casamento (2006)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Qual a importância do teatro infantil na trajetória de vocês?</strong><br />
Apesar de termos tido algumas outras experiências menores, de fato a nossa relação com o teatro infantil se concentra no <em>Fábulas</em>.
Foi uma experiência muito marcante, que ampliou nossa compreensão do
fazer teatro e trouxe frutos especiais. No entanto, apesar de ter sido
muito bom para nós, hoje não temos encontrado sentido em seguir nessa
seara, pelos desejos e inquietações que povoam nosso imaginário hoje.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Qual a relação de vocês com Recife? Quando vieram ao Janeiro pela primeira vez? Porque iniciar essa comemoração aqui?</strong><br />
Sempre fomos muito bem recebidos no Recife, e em especial nessa
dobradinha Janeiro de Grandes Espetáculos/Teatro Santa Isabel. Acho que
fomos pela primeira vez em 2005, com <em>Muito Barulho</em>, e voltamos com <em>Roda Chico</em>,
ambos para abrir o Janeiro. Foram apresentações muito marcantes pra
nós. Agora, estamos numa grande expectativa, porque será muito especial
abrir os 20 anos no Janeiro, no Santa Isabel, estreando o <em>Hamlet</em> e conseguindo levar, finalmente, o <em>Capitão </em>para
Recife. Além desses motivos, e da própria questão do calendário, pelo
Janeiro ser o primeiro grande festival brasileiro no ano, estávamos
também devendo essa ida. A Paula de Renor tentava nos levar de novo há
alguns anos, mas em geral estamos de férias nesse período. Quando ela
nos convidou para a edição do ano passado, e tive que declinar mais uma
vez porque iríamos para o Santiago a Mil, no Chile, me comprometi com
ela a levar uma série de atividades para lançar os 20 anos nesta edição
de 2013, e que bom que o Janeiro apostou e tudo deu certo!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>Quais são as preocupações estéticas e conceituais do Clowns
hoje com relação ao teatro? Que teatro vocês querem fazer? O que
discutir hoje?</strong><br />
Essa é uma pergunta difícil de responder, tanto pela complexidade que
exige para respondê-la, quanto pelo fato que está em constante
transformação. Em determinado momento, quando o grupo completou dez
anos, acho que a nossa principal atitude política era provar, para os
outros e para nós mesmos, que era possível fazer um teatro de qualidade
no Nordeste, no Rio Grande do Norte, em Natal. Naquele momento, isso já
bastava, era suficiente. É nesse contexto que surge o <em>Muito Barulho</em>, o <em>Fábulas</em>, o <em>Casamento</em>.
No entanto, cumprida essa etapa, as demandas vão se tornando cada vez
mais exigentes. Hoje não conseguimos conceber um teatro que não tenha
uma relação direta com o pensamento. Algumas questões vêm nos
provocando, como o papel do artista latinoamericano, ou como encaramos o
passar do tempo, para proporcionarmos um envelhecimento, dos
integrantes e do grupo, que possibilite que nos reinventemos, que
mantenhamos vivo e renovado o sentido de fazermos teatro dentro dos
Clowns. É nessa perspectiva que as questões estéticas precisam se
alinhar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><strong>E porque os Clowns insistem em fazer teatro?</strong><br />
Acredito que insistimos porque é no teatro que encontramos o nosso lugar
no mundo, é a nossa forma de nos reconhecermos, propormos reflexões e
idealizarmos transformações. É nessa perspectiva coletiva, que tanto
anda no contrafluxo do que a lógica estabelecida tenta nos empurrar, que
nos legitimamos como artistas e como cidadãos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><i><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Entrevista publicada em: http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/2013/01/19/nao-conseguimos-conceber-teatro-que-nao-tenha-relacao-direta-com-o-pensamento/</span></i> </span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4916795373126437150.post-28560101248047337652013-01-28T10:11:00.000-08:002013-01-28T10:11:02.802-08:00Amadurecendo com Hamlet<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-weight: bold;">Tádzio França</span> - repórter do jornal Tribuna do Norte, Natal/RN, publicado em 11 de setembro de 2012<br /><br />O
grupo de teatro Clowns de Shakespeare fará 20 anos em 2013. O momento
de maturidade veio acompanhado de muitos êxitos profissionais, como os
espetáculos bem repercutidos nacionalmente e o destaque dos integrantes
fora dos palcos. Também veio uma série de projetos novos e promissores.
Nascidos sob a inspiração do bardo inglês da dramaturgia, os clowns
natalenses começarão ainda este mês a trabalhar na montagem da
obra-prima maior "Hamlet", contando com a direção de Marcio Aurelio
Pires de Almeida, um dos maiores nomes das artes cênicas brasileiras. O
dilema hamletiano existencialista fica só no palco. O grupo potiguar
sabe bem o que quer e como fazer. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><img alt="Elenco do grupo Clowns de Shakespeare em um dos primeiros encontros com o diretor Márcio Aurélio" height="266" src="http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/102558.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" title="Elenco do grupo Clowns de Shakespeare em um dos primeiros encontros com o diretor Márcio Aurélio" width="400" /></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Foto: Pablo Pinheiro</span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></td><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br /></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> "Boa parte do grupo está passando pela famosa 'crise da meia idade', com
os filhos chegando, a juventude ficando pra trás... e a discussão sobre
o envelhecer e o sentido do teatro que fazemos tem uma certa
reverberação nos dilemas hamletianos", diz Fernando Yamamoto, diretor
dos Clowns de Shakespeare. E, claro, havia o desejo de muito tempo para
trabalhar essa obra de referência. "A obra shakespeariana é nossa
principal linha de pesquisa, e ela sempre esteve no nosso imaginário.
Apesar do desejo, há também o medo de encarar essa que é, sem dúvida
alguma, a maior obra-prima da dramaturgia universal", afirma. <br /><br />O
incentivo que faltava para montar o drama clássico do Príncipe da
Dinamarca e seus fantasmas familiares, veio na figura do próprio Marcio
Aurelio Pires. "Conhecemos o Márcio em 2007, na mesma ocasião em que
conhecemos o Gabriel Villela, quando estávamos fazendo uma residência no
Teatro da USP, em São Paulo. Tivemos uma série de encontros com ele
justamente sobre Hamlet, já que ele é um grande especialista e
apaixonado pela obra", lembra. O encontro deixou o desejo futuro de
trabalhar junto com Marcio, e também reavivou o desejo dos Clowns em
explorar a parte "não cômica" da obra do bardo. <br /><br />Enquanto o grupo
estava envolvido no processo de "Sua Incelença, Ricardo III", já era
trabalhada a perspectiva de "Hamlet". Segundo Yamamoto, há mais de um
ano o grupo e Marcio Aurelio trabalham em atividades sobre a montagem da
obra. O encenador virá a Natal no dia 22 de setembro, acompanhado da
assistente Lígia Pereira, ficando aqui quatro meses para trabalhar a
adaptação. O diretor dos Clowns afirma não saber os rumos da linguagem a
ser utilizada. "Não sei ainda, o processo é quem vai indicar. O Márcio é
um encenador que historicamente circula de espetáculos comerciais, com
atores globais, até experiências experimentais de vanguarda. Estamos
abertos a descobrir os caminhos que a potência desse encontro entre os
Clowns e ele trará", analisa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Para conferir matéria na íntegra, acesse: http://tribunadonorte.com.br/noticia/amadurecendo-com-hamlet/231219</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4916795373126437150.post-39880297405426474512012-12-17T11:04:00.001-08:002012-12-17T11:26:24.877-08:00Ensaios abertos - Dezembro/2012<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW9cCWhKO98Fra_AQSbkq0_3c9nOIIT3R1qqZazSR8YZ7cZanM_RutYGBGgZZP6uQ02_PvLA_smSPY9ryJPLgz4i2K3GJ-paV1tFpQ5paKPiAUV7Mn4n6YFQGo3jGY7ot7wNw5VnFFtEMH/s1600/Ensaios_abertos_clowns_dez_2012_02_02_ass_branca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW9cCWhKO98Fra_AQSbkq0_3c9nOIIT3R1qqZazSR8YZ7cZanM_RutYGBGgZZP6uQ02_PvLA_smSPY9ryJPLgz4i2K3GJ-paV1tFpQ5paKPiAUV7Mn4n6YFQGo3jGY7ot7wNw5VnFFtEMH/s640/Ensaios_abertos_clowns_dez_2012_02_02_ass_branca.jpg" width="456" /></a></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4916795373126437150.post-50179940510693097352012-12-13T11:53:00.003-08:002013-01-28T11:14:54.837-08:00Processo de encenação: visões primeiras<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">“<i>Quem vem lá?</i>”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">É a
primeira frase em <i>Hamlet</i> e é a
pergunta que permanece em nós, nos desafiando, nos instigando e nos
emocionando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">No
primeiro dia de ensaio o diretor Marcio Aurelio perguntou ao elenco: “Por que <i>Hamlet</i>?” e “o que em Hamlet interessa
aos Clowns de Shakespeare?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">As
respostas foram variadas e coerentes — falaram da felicidade de poder montar
peça de tão grande importância e significado histórico; da responsabilidade de
trazer à cena o texto que é considerado a maior tragédia de Shakespeare e que
foi e é encenado pelos maiores nomes das artes cênicas desde sempre; da coragem
de um grupo de atores, que comemora vinte anos de existência, de se aproximar
da maioridade enfrentando esse enorme desafio — e traziam no seu bojo a
expectativa da realização de um trabalho de tal monta com um diretor cuja marca
é a da encenação que visa sempre a investigação do ser humano e da sociedade em
que vive, a sociedade a moldar a índole do indivíduo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">O
processo partiu de uma profunda análise do texto, quase uma desconstrução
mesmo, estudando o percurso dos personagens de modo a que possam vir a ter
personalidade e caráter bem delineados. Isso, sempre considerando porque
personagens e história interessam aqui e agora, qual o foco da narrativa, o que
é fundamental permanecer e o que pode ser dispensado e, principalmente,
questionando como “apresentar” e “representar” a argumentação escolhida, visto
que <i>Hamlet</i> — a peça — é uma poética
sobre a representação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">A
transmutação da teoria em prática é sempre difícil. Mas na segunda semana de
ensaios, delineada a trajetória do espetáculo, já tínhamos esboçadas as cenas
do primeiro ato. Seguimos buscando o traço definido, a cor exata, a impressão
nítida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Ao
mesmo tempo em que se faz o tratamento no texto, com cortes e adaptações das
cenas, ideias vão surgindo para a elaboração do figurino e do cenário, o que
advém do domínio da narrativa a ser desenvolvida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Os
personagens estão distribuídos entre os atores e a cena já descobriu seu tom.
Seguimos adiante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;"><span style="line-height: 115%;">Lígia Pereira<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="right" class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; tab-stops: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Assistente de direção</span><o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0